Instintos

"Correu pra rua naquele instante, tão rápida e ágil, esquecendo-se das pessoas ao redor. (E haviam pessoas ao redor?) Olhou pro céu carregado de nuvens carregadas de água. Previu a chuva. Previu a água correndo pelo rosto, agora suado por conta da correria sem preparo algum. Mas a água não era da chuva. Corria pelos lábios, salgada como água do mar, sem censura nem medida.
Provou o gosto como se fosse alguma bebida exótica, ímpar. Sorriu e, de novo, virou o rosto pros céus. A vontade de correr não passara, mas o cansaço a impediu. Sentou no chão, sentiu a terra debaixo de si e rezou. Sem catolicismos ou induísmos. Rezou pra si mesma, por todos os dias que ainda viveria de agora em diante. Dias diferentes!
Viu dentro dos próprios olhos o brilho que nunca vira no reflexo do espelho, em todos aqueles anos. Perguntou-se o motivo milhares de vezes, "Porque hoje, porque comigo, porque aqui?"
Inquietude.
Inquietude que só passou quando percebeu que o motivo não interessava! 
Descobriu-se.
Aliviou a respiração, agora lenta e ritmada. Acalmou os ânimos e deitou o corpo sobre a terra... Ela esperaria o tempo que fosse preciso, olhando aquelas nuvens... A chuva viria mais tarde, pra tirar o salgado do choro, que, de tão intenso, lavava a alma..."
(Lucy Raiane)

Mas, relembrando os antigos tempos de Pseudônimo,
digamos que foi um texto da autoria de Serpe Afrasi. Ou seja, eu.

A vontade chega assim do nada, manda e eu,
totalmente submissa, obedeço...
Nada como obedecer à sua inspiração.
Agora, completamente satisfeita, jogar-me-ei na cama! =]
Fui!

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