Uma noite

Noite passada (na verdade, já hoje pela madrugada), quando já estava deitada e em boa companhia para dormir, me bateu uma saudade imensa da paz que eu sentia quando escrevia.
{Paz. Venho descobrindo nos últimos meses, como um cego curado milagrosamente, tudo aquilo me traz paz e eu não percebia.}
Então, voltando ao assunto...
Aquela sensação estranhamente familiar, mas tão distante... De sentir minhas mãos segurarem uma caneta, que desliza num papel, jogando fora todas as minhas mágoas e tristezas em forma de poemas, narrativas ou relatos pessoais. Sim, porque desde que comecei a escrever, eu soube que minha inspiração é mais motivada pelas minhas perdas, decepções e desilusões do que por minhas alegrias.
De fato, o que inspira o poeta quase nunca é a alegria. Enfim.
Voltando a noite passada (ou madrugada, como queira). Retirei o lençol de sobre meu corpo, levantei-me e fui até o caderno, na louca vontade de satisfazer-me. A caneta preta se fez um sonho em minhas mãos desejosas. Deslizava perfeitamente no papel. Adoro as canetas pretas. Mais que as azuis. Então... Estava eu, a caneta e o papel.
Fazia muito, MUITO tempo que eu não produzia. Só uma coisinha ou outra, ali e acolá, mas nada tão satisfatório. Eu sentia falta da minha inspiração, que nem veio à tona por inteiro nessa noite, mas pelo menos deu as caras.
E eu escrevi.
Um texto e um poema. E mais algumas linhas soltas. Não me senti exatamente satisfeita. Aquela sensação de mão-caneta-papel sinceramente me deixa em transe. O problema é sempre a inspiração, que insiste em acabar, ir embora. Aí, então, tive que voltar ao meu lugar e a minha companhia noturna, pra finalmente dormir...

(Lucy Raiane)

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